À
vista, a prazo ou nenhuma das alternativas anteriores?
O financiamento imobiliário sob a ótica de um corretor
A
última pesquisa do CRECI-SP relativa à venda de
imóveis traz um dado interessante e que explica como vem
funcionando o mercado nos últimos anos. A análise,
feita com mais de 1.400 imobiliárias no Estado, apontou
um crescimento significativo no número de financiamentos
bancários, entre março de 2006 e março de
2007. Somente os créditos concedidos pela CAIXA cresceram
13,27% no período e os financiamentos por outros bancos
apresentaram variação positiva de 20,94%. Diminuíram
os negócios à vista (-4,16%) e o parcelamento direto
com o proprietário (-17,72%), cabendo apenas ao consórcio
o acompanhamento da tendência de crescimento, com percentual
19,67% maior que o de 2006.
O
financiamento de imóveis vai muito bem. Resultados do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo comemoram mais
um recorde no crédito para a compra da casa própria:
em março, os empréstimos com recursos da poupança
atingiram R$ 1,322 bilhão - índice 116% maior que
o de 2006 - com 16.084 unidades vendidas, um aumento de quase
96% comparado ao ano anterior.
Para
os corretores, a venda de imóveis financiados sempre esteve
presente na pauta das negociações: o início
das conquistas foi em 1977, quando eles conseguiram a Carta de
Crédito da CAIXA, o que proporcionou milhares de financiamentos.
Desde então, a categoria vem pleiteando junto ao Governo
e às instituições financeiras condições
que favoreçam o aquecimento do mercado, como a queda de
juros, o crédito com prazos maiores, a flexibilidade na
composição da renda familiar e o financiamento de
100% do valor dos imóveis usados.
Estes
e outros tópicos já faziam parte do projeto Favela
Zero encaminhado pelos corretores ao Governo em 2004 e, desde
então, muitas famílias se beneficiaram pelo atendimento
às reivindicações destes profissionais e
podem, hoje, contar com a tão sonhada casa própria.
Foi
por acreditar em um projeto que atendesse a uma grande parcela
da população, que o CRECI-SP investiu no treinamento
gratuito de seus inscritos, possibilitando que mais de 10 mil
corretores de imóveis se especializassem em operações
de financiamento. E o acordo firmado entre a instituição
e a CAIXA faz com que, a cada dia, aumente o número de
interessados em participar desse convênio e alavancar ainda
mais o financiamento imobiliário. Se hoje os índices
mensais se superam, muito se deve ao empenho dos corretores e
à parceria com o setor financeiro, buscando as melhores
condições para a venda dos imóveis.
Por
várias vezes, o CRECI-SP esteve presente a mesas de debates
e pode perceber até certa surpresa por parte de outras
entidades do setor ao tomarem conhecimento dos índices
crescentes de financiamento para a aquisição de
imóveis. E o que surpreende, também, é que
esse expediente tem colocado as classes menos favorecidas mais
próximas da realização de seu sonho, e feito
com que grandes construtoras passem a enxergá-las como
um mercado promissor. Assim, só se pode concluir que os
corretores, efetivamente, estão empenhados na negociação
dos imóveis financiados. Não há nenhuma resistência
da categoria neste sentido e a reclamação se concentra
em algumas dificuldades de acesso ao crédito, encontradas
pelos clientes interessados nas propriedades.
O
prazo para a liberação do dinheiro está se
tornando menor o que entusiasma um número maior de corretores
a se dedicarem à venda financiada. Além disso, a
ampla participação nos Feirões e os plantões
em agências da CAIXA são uma prova inequívoca
do interesse dos profissionais nesta questão e de que,
portanto, não há necessidade de convencê-los
que este é o melhor caminho.
O
papel assumido pelos incorporadores há algumas décadas
– financiando seus empreendimentos diretamente aos compradores
– preencheu uma lacuna importante, permitindo que o mercado
pudesse funcionar quando não havia crédito disponível,
e possibilitando que os setores público e privado se beneficiassem
de sua coragem. Essa prática vai persistir enquanto os
bancos resistirem em ofertar financiamento na mesma base. Afinal,
para os clientes que têm condições de adquirir
um imóvel em um prazo mais curto, o parcelamento junto
às incorporadoras ainda é incomparavelmente mais
vantajoso do que o oferecido pelas instituições
bancárias. Vale lembrar que a situação está
mudando para melhor, mas ainda há muito por fazer. Falta
aparar as arestas para que os bancos se adaptem à realidade
brasileira ou a previsão será de que a realidade
brasileira no mercado imobiliário terá que subsistir
sem a participação dos bancos.
JOSÉ AUGUSTO VIANA NETO
Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis
de São Paulo
FONTE:
CRECI-SP